terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sugestões para tratar as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita

Psicopedagogia Clínica e Institucional                                                  
Angélica A. Rosa dos Santos
                                          Pedagoga/ Psicopedagoga

Há um provérbio chinês que diz: “Transportai um punhado de terra todos os dias e farás uma montanha”. Talvez seja este o lema para todos nós que estamos trabalhando com crianças que apresentam muitas dificuldades no processo de leitura e escrita. É uma paciência muito grande e, portanto, uma espera maior ainda.

A criança que apresenta dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita precisa de muita simplicidade no trabalho.
As pesquisas desenvolvidas neste sentido já apontaram que o método fônico é o único que pode dar a estas crianças uma condição melhor e maior para que elas possam desenvolver suas potencialidades.
O método fônico apresenta sete etapas. Elas são descritas da seguinte maneira:

Etapa 1- consciência fonológica:
Julgamento e percepção de rimas
Aliteração
Síntese fonológica
Segmentação
Manipulação
                      
Etapa 2 – leitura em voz alta

Etapa 3 – escrita sob ditado

Etapa 4 – estocagem de informações na memória:
Formas geométricas
Cores
Sequência numérica
Pseudopalavras

Etapa 5 – conhecimento das letras e dos traços

Etapa 6 – acesso à memória de longo prazo

Etapa 7 – fixação




Etapa 1 – Consciência fonológica
De forma geral, pode-se dizer que esta consciência para a linguagem ocorre quando o aluno consegue perceber: o reconhecimento visual do traçado da letra, a rota fonológica para a verbalização dela e a junção de grafema e fonema que ocorre por indução. Pensando nisto, qualquer atividade com o método fônico irá sempre envolver estas etapas.
                              
Julgamento e percepção de rimas
Todo tipo de rima é importante. No entanto, é necessário que sejam oferecidas uma maior variedade delas para que a criança possa desenvolver o pensamento, pensamento este que somente será desenvolvido se a criança apresentar uma memória capaz de ser acessada.

Aliteração
Com o objetivo de que a criança perceba os troncos que dão origens às palavras, a aliteração possibilita, além do treino sonoro em função da melodia que é produzida por essas repetições, a visualização e a conscientização dos registros gráficos delas.

Síntese fonológica
Para o trabalho de síntese fonológica, é necessário um conjunto de palavras para que as crianças possam dizê-las de uma forma separada. Deve ser repetidas palavras com uma, duas, três e quatro sílabas.

Segmentação
Esta atividade tem como função levar o aluno a perceber a quantidade de grafemas (letras grafadas) e fonemas (letras pronunciadas, sons). Isso mostrará aos alunos que apresentam as dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita, as diferenças na composição de leitura e escrita.

Manipulação
Esta atividade possibilita a construção de novas palavras a partir de um sufixo, ou seja, dá-se para a criança um início de palavra, e ela tenta buscar possíveis junções que resultarão em novas palavras. Desta forma, o vocabulário desta criança vai se ampliando, e ela segue percebendo o quanto as palavras possuem de semelhança.

Etapa 2 – Leitura em voz alta
A leitura em voz alta possibilita que a criança tenha uma referência auditiva para a execução da vocalidade que ela precisa desenvolver. Para isso, é importante que o professor possa ler para a criança. A leitura em voz alta deve ser realizada de frente para o aluno e em um ritmo e tonalidades adequados ao ambiente educativo. Cuidar para dar ênfases em ações e em atos-chave ao longo das leituras é uma boa prática também.
Nestes casos a melhor opção é trabalhar com textos narrativos simples e adicionar narrar mais complexas aos poucos. Repetir a narrativa até que todos tenham entendido e consigam reproduzir oralmente ou através de desenhos a leitura apresentada.

Etapa 3 – Escrita sob ditado
Nesta parte do trabalho com as dificuldades de aprendizagem, já é possível aplicar as técnicas vocais para o desenvolvimento das competências associadas às vocalidades e às atividades sonoras. A escuta, seguida de escrita, ou de registro, é um dos momentos mais difíceis do trabalho.
Inicie por ditados topológicos (aqueles que são realizados apenas com o objetivo de representar o que foi ditado por meio de imagens). Depois de realizar vários ditados destes, passe para os ditados de grafias, letras e números.

Etapa 4 – Estocagem da informação na memória
Para esta etapa do trabalho, serão realizadas atividades visando à melhora no processo de memorização, pois sem memória não há pensamento ou raciocínio.
Formas geométricas: As formas geométricas são princípios para muitos outros conteúdos escolares. O aluno precisa ter boa memorização delas.
Cores: O reconhecimento das cores é algo muito difícil para algumas crianças com dificuldades de memorização. Sabe-se que estas dificuldades de compor e de manter a memória de longo prazo acabará por determinar também algumas dificuldades no processo de ler e escrever. Assim, as atividades de reconhecimentos, seja de cores ou de formas geométricas, ajudam muito a criança no trabalho de estímulos da memória.
Sequência numérica: A sequência de números, dita na oralidade, ajuda não só a criança a melhorar o desenvolvimento da fala como também auxilia no reconhecimento e no processo de nominação deles.
Pseudopalavras: Esta atividade tem como finalidade apenas o treino da pronúncia dos fonemas. As crianças têm uma quantidade muito grande de problemas em soletrar ou em dizer palavras com encontros consonantais específicos. Desta forma, a pronúncia de palavras falsas irá ajudá-las muito no trato e no desenvolvimento da língua de uma forma global.
                                                              
Etapa 5 – Conhecimento das letras e dos traços
Utilizar diversos modelos de uma mesma letra para que o aluno perceba que embora as letras possam ter formas um pouco diferentes umas das outras, na verdade, elas são iguais nos sons e nas definições (cursiva – maiúscula e minúscula e script – maiúscula e minúscula e mais as letras do computador que variam bastante no traçado).

Etapa 6 – Acesso à memória de longo prazo
Nesta etapa é fundamental observar se o aluno conseguiu reter na memória todos os conhecimentos até então trabalhados. Esta dificuldade de retenção pode ser um dos problemas dos alunos com dificuldades de leitura e escrita.

Etapa 7 – Fixação
A fixação é uma etapa importante do processo. Ela vai determinar que a aprendizagem permaneça efetivamente no aluno. Assim, cada vez que explicar para você aquilo que você anteriormente lhe explicou, você terá a certeza de que ele tem realmente aquela informação, ali, armazenada. A fixação aparece quando somos capazes de reproduzir, por outra linguagem, para outro aprendiz aquilo que já possuímos.

Referência Bibliográfica

Almeida, Geraldo Peçanha de. Dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita: método fônico para tratamento – Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010. 2ª Ed.

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